JAIR KRISCHKE VISITA O ESCRITÓRIO
Notícias - 24/04/2023 às 09:25
* Por Marco Tulio De Rose
(com a colaboração de Renata Martins de Moura)
Jair Krischke, fundador e Presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), acompanhado pela doutora Suzete Manfron, Secretaria do MJDH, no dia 19 de abril, pela tarde, estiveram na sede da De Rose Advogados.
Foram recebidos no Auditório da sede, por todos os sócios do Escritório e um grupo de aproximadamente 30 colaboradores, incluindo advogados, estudantes de Direito e pessoal administrativo. Marco Túlio de Rose, na oportunidade, fez uma introdução emocionada sobre quem era Jair e suas façanhas, comparando-o, em termos de vidas salvas durante as ditaduras militares da América do Sul, ao industrial alemão Oskar Schindler, personagem real do filme “A Lista de Schindler”. “Schindler salvou cerca de 1.200 vidas, Jair livrou de morrer na ditadura mais de 2.000 pessoas”, disse De Rose.
Jair Krischke falou por mais de trinta minutos, começando por contar que fora transportado por um Uber, no qual o motorista começou a dizer, “casualmente”, que os defensores de direitos humanos somente defendiam bandidos, o que, no dizer dele, Jair, é um panorama que somente existe no Brasil, por causa de propagandas massivas e enganosas da Ditadura Militar e do governo Jair Bolsonaro. “Nos outros países da América, há um grande respeito por esta luta e por seus defensores”.
Seguiu situando que o Brasil é um dos países do Mundo onde a polícia mata mais, apenas perde em população carcerária para os Estados Unidos, atinge principalmente pobres, negros e mulheres. E o resultado, completa, “é pífio, pois temos pouquíssima segurança”.
Expôs sua tese que o Brasil precisa, a partir da Constituição, desvincular suas polícias de serem organização militares, pois as finalidades destas instituições são distintas. “Polícia é a defesa do cidadão, do homem da ‘pólis’. Militares são aqueles que combatem o inimigo. Quando transformo o policial em militar, eu faço com que ele encare o cidadão como um potencial inimigo.
Sua exposição prosseguiu com uma pequena mostra dos múltiplos casos em que ele, juntamente com o advogado Omar Ferri, arriscou a vida ao salvar presos políticos uruguaios que conseguiam fugir da morte que certamente lhes aguardava.
Explicitou, por outro lado, que o Movimento, hoje, volta-se igualmente para a defesa do meio-ambiente, o que considera um caminho natural, dentro da evolução do conceito de Direitos do Homem que hoje abandona a visão clássica do homem como centro do Universo, para entender o ser humano como partícipe de uma natureza onde ele tem papel preponderante no sentido de evitar sua destruição, que acabará sendo a destruição do próprio ser humano.
Encerrou fortemente aplaudido.
Convidou, ao deixar o Escritório, Marco Túlio De Rose para participar do Conselho Deliberativo do MJDH, o que foi aceito.
Jair Krischke - Uma Trajetória Invejável
- Fundador e dirigente do Movimento Justiça e Direitos Humanos, a mais antiga organização de Direitos Humanos no Brasil – constituída formalmente em 25.3.1979 em Porto Alegre;
- Co-fundador do Centro Latinoamericano de Investigação – Montevidéu, 2003;
- Criador do Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo, que, em 2023, está na 40ª edição;
- Partícipe das lutas pela Assembleia Constituinte de 1988, pela revogação da legislação de exceção e pela apuração dos crimes de tortura e assassinato cometidos durante as Ditaduras Militares;
- Comenda da “Medalha de Ouro”, concedida por Sherit Hapleita (Associação dos Sobreviventes do Nazismo), Jerusalém, 1997;
- “Medalha Chico Mendes de Resistência” concedida pelo Grupo Tortura Nunca Mais e Instituto Chico Mendes, Associação Brasileira de Imprensa e OAB;
- Paraninfo da Universidade da República do Uruguai, em 20.6.2003;
- Medalha Ordem do Mérito Farroupilha, concedida pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul;
- Comenda Dom Helder Câmara – conferida pelo Senado Federal; e
- Doutor Honoris Causa da Universidade do Rio do Sinos, título concedida em 2023.