Dr. Augusto Franke Dahinten participa de painel do 29º SUERGS

09/05/2025 às 13:12

Dr. Augusto Franke Dahinten participa de painel do 29º SUERGS
Dr. Augusto Franke Dahinten participa de painel do 29º SUERGS
Dr. Augusto Franke Dahinten participa de painel do 29º SUERGS

     Augusto Franke Dahinten, Doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e integrante da equipe da De Rose Advogados, participou na manhã desta quinta-feira (08) de um painel no 29º SUERGS - Simpósio da Unimeds do Estado do Rio Grande do Sul, que se estende até hoje (09), no Barra Shopping Sul. 

 

     O painel abordou “Aspectos Jurídicos do Espectro Autista”, sob a mediação de Paulo de Oliveira Webster, Diretor Operacional de Intercâmbio e Regulação da Unimed Federação/RS. Clenio Schulze, Juíz Federal em Santa Catarina, pós-graduado em Justiça Constitucional pela Universidade de PISA/Itália e médico cooperado da Unimed Serra Gaúcha abriu o debate trazendo números expressivos, como os processos envolvendo saúde, que chegam a 1 milhão hoje, posicionando o país como o campeão mundial em judicialização. 

 

Reversão de cenário

     Para o público em geral, a operadora é sempre culpada na recusa de tratamento e é importante reverter este quadro através de novas práticas. Ele citou exemplo da Unimed Palmas, que firmou parceria com o judiciário. “O processo não vai para o juiz, é devolvido para a operadora reavaliar em 48h, a partir daí se extingue ou não”. A Unimed Grande Florianópolis também negociou com o Tribunal de Justiça, cedendo profissionais capacitados, através de convênio, que orientam o judiciário em questões médico-científicas. Há acompanhamento a pais e familiares, culminando em informações que acarretaram acordos fechados, sem necessidade de judicialização. Outro exemplo veio do Paraná. O Tribunal de Justiça fechou acordo com várias operadoras para viabilizar perícias em ações ou procedimentos que acabaram por diminuir reclamações judiciais. 

 

     Clecio diz que também o processo passa por outras estratégias, sugerindo que as operadoras discutam os processos com os juízes “porque toda a semana tem uma mudança de cenário quanto à situação clínica do paciente”. Ele acredita no poder do diálogo entre judiciário e operadoras a fim de garantir a sustentabilidade destas. 

 

Problemas com diagnóstico

     Renato Coelho, pediatra e consultor do Programa Acolher da Unimed Federação/RS deu sequência ao painel. Ele estuda há 30 anos a interface do TEA e diz que hoje são muitos os casos de diagnósticos de TEA. “Toda a criança com algum atraso é diagnosticada com autismo, o que amplia o guarda-chuva, colocando crianças que antes não tinham este diagnóstico. Muitas vezes o diagnóstico tem que ser desfeito, há muito sobre diagnóstico”. Segundo ele, “muitas crianças têm sintomas do espectro, mas não tem a doença, pessoas tem traços, mas não tem transtornos”. Tudo isto ocupa o que ele chama de “zona cinza” que mesmo para a ciência é difícil diagnosticar. “O autismo não é doença, é um jeito de funcionar que traz dificuldades de adaptação, não é um problema neurológico, está relacionado ao neurodesenvolvimento. O diagnóstico é clínico, observatório, precisa de avaliação clínica e hoje qualquer traço vira transtorno, este é o problema”.

 

     A prevalência chega a 2 milhões de portadores hoje no Brasil. Nos Estados Unidos (dados de 2023), já são 1 em cada 36 diagnosticados com autismo. É preciso uma real avaliação para o real entendimento da doença, o que também preocupa operadoras e judiciário.

 

Princípios Constitucionais

     Marcelo Ataíde Garcia, advogado especialista em pessoas com deficiências abordou a violação de direitos, criticando o método ABA (Análise do Comportamento Aplicada), que foi criado a fim de contribuir para desenvolver habilidades em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), reforçando comportamentos positivos e reduzindo comportamentos indesejados, porém muitas vezes sob o viés da violência emocional.  “O Método fere princípios constitucionais que atingem a dignidade humana. O ser humano não nasceu para ser adestrado, não tem que ser punido pelo autismo”.

 

     Pai de dois filhos autistas que conseguiram dar a volta por cima, sendo um deles estudante de medicina, Marcelo explanou sobre o PIA (Protocolo Individualizado de Avaliações), “que garante que o indivíduo seja pleno”. Para ele, métodos antigos e radicais deveriam ser abolidos. Ele questionou também o procedimento de muitas instituições de educação e saúde que recomendam terapias que chegam a superar 8 horas por dia, numa visão mercantilista, olhando a criança como commoditie. 

 

     O painelista prega a importância da formação de uma rede global de combate à desinformação, mencionando as fakes que divulgam supostas causas e supostas curas ao autismo. Recentemente, foram mais de 60 milhões de fakes divulgadas nas redes sociais com estas aberrações, principalmente na América Latina e Caribe. Para ele, é fundamental o capacitismo. “O trabalho para combater a desinformação é através do acolhimento para evitar que pessoas caiam em clínicas e tratamentos mercenários e sem resultados”.

 

     Encerramento

     Dr. Augusto Franke Dahinten encerrou o painel, solicitando a todos os participantes suas considerações finais. O evento, numa iniciativa da Unimed Federação/RS, com apoio do Sescoop/RS, focou no tema central “Saúde digital e a importância da conexão humana”, reunindo dirigentes e técnicos de cooperativas médicas de todo o Estado.