Marco Tulio De Rose e José Antonio Lumertz assinam artigo no Jornal do Comércio sobre planos de saúde. Leia aqui!
27/10/2025 às 11:27
O sócio fundador da De Rose Advogados, Marco Túlio De Rose, e o assessor atuarial da UNIMED FEDERAÇÃO, José Antonio Lumertz, assinam artigo no Jornal do Comércio no último dia 22, na área OPINIÃO/ARTIGOS.
Confira aqui o texto na íntegra no link e abaixo:
https://www.jornaldocomercio.com/opiniao/2025/10/1222813-falso-lucro-abusivo-de-operadoras.html
Falso Lucro Abusivo de Operadoras
Por Marco Túlio de Rose e José Antônio Lumertz
"Este jornal publicou notícia sobre lucros de operadoras de planos de saúde/2024 (cerca de 10 bilhões de reais), salientando seu valor considerável e o crescimento percentual (429%) em relação a 2023 (2 bilhões).
A cifra impressiona, quando desacompanhada da natureza do negócio e custos do empreendimento, sugerindo um ganho desproposital e abusivo.
O raciocínio tem dois equívocos: considerar faturamento como lucro, esquecendo que os custos no atendimento dos serviços ultrapassam 80% da receita e ocultar que o saldo entre receitas e despesas (4 dos 10 bilhões) repõe as operadoras no mesmo lugar ocupado em 2020, antes da Covid. Ou seja: em
2024, ano normal, operadoras conseguem, no máximo, voltar ao que eram em 2020, expondo a estagnação do setor.
A saúde suplementar brasileira é mau empreendimento. Os custos não permitem repor o capital nele empregado. Um exemplo: a United Health, maior operadora dos Estados Unidos, retirou-se do Brasil, algo inconcebível num cenário de ganhos expressivos.
Dois pontos merecem reflexão: o primeiro que o segmento de Saúde Suplementar arrecada R$ 350 bilhões, mediante um investimento de R$ 130 bilhões, que necessitam ser recompostos, para assegurar o giro futuro dos fluxos econômicos--financeiros. O segundo que os custos sobem mais que os preços de mercado (a inflação médica prevista para 2025 é de 11%). A resultante desses dois fatores aponta que para recompor o capital investido, mais o capital de giro, o setor reclamaria no mínimo R$ 14 bilhões, contra os 10 bilhões realizados.
Verdade que a maior rede operadora do País, o Sistema Unimed, por ser cooperativo, não gera lucro sobre o trabalho cooperado, logo não seria atingido pela estagnação lucro.
As cooperativas não lucram sobre o trabalho médico, mas assumem o compromisso de renumerá-lo condignamente, por isso, corriqueiramente, seus honorários são superiores aos da concorrência. Se os lucros forem considerados abusivos, haverá e rebaixamento artificial dos preços cobrados, o que obrigará as cooperativas a reduzir o ganho médico, impactando renovação da rede e qualidade dos serviços.
Planos de saúde bons precisam amealhar para satisfazer compromissos. Nas operadoras, a maior parte dos lucros advém de vantagens financeiras sobre reservas, legalmente bloqueadas, sem poder serem utilizadas.
A notícia publicada deveria ser motivo de preocupação."
ARTE/JC
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JC
Marco Túlio de Rose e José Antônio Lummertz
Foi publicada notícia sobre lucros de operadoras de planos de saúde/2024 (cerca de R$ 10 bilhões de reais), salientando seu valor considerável e o crescimento percentual (429%) em relação a 2023 (2 bilhões). A cifra impressiona, quando desacompanhada da natureza do negócio e custos do empreendimento, sugerindo um ganho desproposital e abusivo.
O raciocínio tem dois equívocos: considerar faturamento como lucro, esquecendo que os custos no atendimento dos serviços ultrapassam 80% da receita e ocultar que o saldo entre receitas e despesas (4 dos R$ 10 bilhões) repõe as operadoras no mesmo lugar ocupado em 2020, antes da Covid. Ou seja: em 2024, ano normal, operadoras conseguem, no máximo, voltar ao que eram em 2020, expondo a estagnação do setor.
A saúde suplementar brasileira é mau empreendimento. Os custos não permitem repor o capital nele empregado. Um exemplo: a United Health, maior operadora dos Estados Unidos, retirou-se do Brasil, algo inconcebível num cenário de ganhos expressivos.
Dois pontos merecem reflexão: o primeiro que o segmento de Saúde Suplementar arrecada R$ 350 bilhões, mediante um investimento de R$ 130 bilhões, que necessitam ser recompostos, para assegurar o giro futuro dos fluxos econômicos-financeiros. O segundo que os custos sobem mais que os preços de mercado (a inflação médica prevista para 2025 é de 11%). A resultante desses dois fatores aponta que para recompor o capital investido, mais o capital de giro, o setor reclamaria no mínimo R$ 14 bilhões, contra os R$ 10 bilhões realizados.
Verdade que a maior rede operadora do País, o Sistema Unimed, por ser cooperativo, não gera lucro sobre o trabalho cooperado, logo não seria atingido pela estagnação do lucro.
As cooperativas não lucram sobre o trabalho médico, mas assumem o compromisso de renumerá-lo condignamente, por isso, corriqueiramente, seus honorários são superiores aos da concorrência. Se os lucros forem considerados abusivos, haverá um rebaixamento artificial dos preços cobrados, o que obrigará as cooperativas a reduzir o ganho médico, impactando a renovação da rede e qualidade dos serviços.
Planos de saúde bons precisam amealhar para satisfazer compromissos. Nas operadoras, a maior parte dos lucros advém de vantagens financeiras sobre reservas, legalmente bloqueadas, sem poder serem utilizadas.
A notícia publicada deveria ser motivo de preocupação.