EDUCAÇÃO: PRINCÍPIO A SER RESGATADO
12/12/2022 às 13:28

O 5º princípio da Identidade Cooperativa, na versão hoje mantida pela Aliança Cooperativa Internacional, corriqueiramente entendido como o princípio da educação cooperativista, na verdade encerra três diretrizes enfeixadas no conceito de Educação. O ensino do Cooperativismo, que poderíamos chamar de educação em sentido estrito; a formação do quadro de integrantes da sociedade cooperativa e a informação à sociedade sobre o Cooperativismo.
A História do Cooperativismo, que segue sendo escrita, implica na sua inserção em ambientes econômicos que não compartilham dos seus princípios básicos que são os da cooperação voluntária dos membros da Sociedade. Neste sentido, as Cooperativas nasceram no capitalismo selvagem do século XIX e com ele conseguiram se adaptar, vindo pouco a pouco a serem reconhecidas na transformação da economia do capital em uma economia social de mercado. Ao mesmo tempo, nos hoje extintos regimes comunistas de Estado, representavam um contraponto tolerado, embora não incentivado.
A cooperação, o mais importante processo de integração do homem na sociedade, encontra difícil aprendizado nas sociedades pós-modernas em que o excesso de individualismo praticamente permeia todos os setores. No entanto, quanto mais contemplamos os desastres ambientais que a competição desenfreada acomete ao Planeta, mais se torna necessário valorizar seus princípios e a grande utilidade, reconhecida em expressivos números da economia mundial, dos seus instrumentos que são as sociedades cooperativas.
A realidade que hoje se verifica, entretanto, passa por uma subvalorização do ensino do Cooperativismo, em troca da sobrevalorização de atividades formativas e quase um mínimo de informação à sociedade das vantagens universais do Sistema Cooperativo.
A Aliança Cooperativista Internacional, nas suas notas de orientação aos princípios cooperativos, explicita a diferença entre esses três estágios da Educação Cooperativista:
- educação, em verdade ensino, que consistem em compreender os princípios e valores cooperativos, sabendo como aplicá-los no funcionamento de um específico ramo cooperativo. Diz o relevante texto: “implicação na dedicação intelectual dos seus membros, líderes, administradores e empregados para que plenamente aprendam a complexidade e a riqueza do pensamento e da ação cooperativa, assim como seu impacto social”.
- formação, consistente no desenvolvimento de aptidões práticas necessárias para dirigir uma cooperativa conforme práticas empresariais éticas e eficazes, executadas de modo responsável e transparente.
- informação, que não deve ser uma operação de marketing, mas uma divulgação à Sociedade do caráter, princípios e valores de uma cooperativa, de forma que a Comunidade entenda o caráter especial e distintivo dessas entidades, em relação às demais empresas.
O risco que se corre, deixando de ensinar Cooperativismo como Cooperativismo aos integrantes de uma Sociedade Cooperativa e não informar, à Comunidade, que essa Entidade é distinta das demais empresas condiz com a sua sobrevivência.
Naturalmente, nos anos de “vacas gordas” esse risco é desprezado. Quando, no entanto, chegam, e sempre chegam, as “vacas magras”, se não houver compreensão dos cooperados sobre a importância da cooperação, ou entendimento dessa relevância, pela Sociedade, as cooperativas não sobrevivem.
A educação cooperativista, se mais não serve, ajuda a criar a elite dirigente do futuro que não será boa dirigente se estiver divorciada dos princípios que são o sopro vital de qualquer sociedade cooperativa, seja qual for o gênero a que se dedique.