Também É Verdade
Por Marco Tulio De Rose
Publicações - 29/12/2022 às 08:35

A intolerância que foi a tônica da sociedade brasileira em 2022 também tomou conta do debate sobre saúde suplementar.
Uma vez mais se estabeleceu o debate nos termos nós, as vítimas, os consumidores; elas, os malfeitores, as operadoras.
Esse panorama viu-se estampado em duas grandes discussões: a extensão da cobertura dos Transtornos de Espectro Autista, com coberturas sensacionalistas da imprensa absolutamente distanciadas da realidade ética e científica que guarnece tais tratamentos e a definição do papel do rol de procedimentos de cobertura da saúde suplementar publicado pela ANS, em que a falta de profundidade do debate sobre a matéria levou à edição de lei que, vista com profundidade, é pior do que a jurisprudência que se formara no Superior Tribunal de Justiça sobre a matéria. E pior para o próprio beneficiário da saúde suplementar!
Foi um ano em que a imprensa abusou do direito de desinformar, ao menos neste setor. Mas, também é verdade que a prudência dos Tribunais brasileiros começa a ver a absoluta falsidade existente no artificial conflito do direito do indivíduo a alcançar mais que sua cobertura e o dever da operadora de lutar pelo cumprimento do contrato. Na maior parte das vezes, e os tribunais começam a enxergar isso, o conflito real é entre a satisfação individual de um direito que não foi alcançado contratualmente e a repercussão dessa “liberalidade” no conjunto dos beneficiários de um plano.
Bem vistas as coisas, a luta não é de nós contra eles, mas do eu individual, contra o todo coletivo!