COOPERATIVISMO FINANCEIRO E SUA VOCAÇÃO PRESENCIAL - Por Marco Tulio De Rose
Publicações - 27/02/2023 às 09:49

O número de agências bancárias, no Brasil, em 2015, era de 23154. Hoje, são 17348, 25% a menos que anteriormente.
Os que acham que Cooperativismo financeiro e bancos são a mesma coisa, decerto esperam ver o mesmo retrocesso nos postos de atendimento cooperativo.
Ocorre que cooperativismo financeiro é uma coisa, banco é outra. E o exemplo está justamente nesse número.
Enquanto um quarto das agências bancárias fecharam as portas, as cooperativas financeiras seguiram o caminho inverso. Em março de 2015 eram 4312, agora são 8.593, um acréscimo de 99,3%.
Não se diga com isso que os bancos estão mal. Não. Apenas estão “procurando sua turma”, que está entre aqueles que têm maior disponibilidade financeira e podem confiar a administração de seus recursos para profissionais técnicos especializados como procuradores.
O cooperativismo financeiro, embora hoje abarque setores de uma classe média de profissionais de nível universitário, segue na contramão disso. Seus usuários, tecnicamente chamados de cooperados, recrutam-se entre aqueles que precisam de uma orientação personalizada prévia para seus investimentos e a sua busca de crédito. Também precisam de uma proteção maior, pois seu dinheiro não é proveniente de grandes massas de capital, mas a maior parte das vezes de trabalho pessoal.
Essa “turma” que constitui a grande maioria dos cooperados, ou seja dos sócios proprietários do Sistema Cooperativo Financeiro precisa orientação permanente de como aplicar seus recursos e essa orientação não dispensa o contato pessoal com a área técnica que administra tais recursos. Daí o crescimento do Cooperativismo Financeiro que se mede diretamente pelo crescimento de seus postos de atendimento.
A “virtualização” dos atendimentos significa uma economia de custos que acaba engordando lucros, ainda que sacrificado o bem-estar dos usuários. O Cooperativismo Financeiro, cuja dimensão institucional proíbe o lucro da Cooperativa sobre o Cooperado, não tem essa preocupação. Faz por isso muito bem, mantendo os postos que, acima de tudo, significam um conforto e uma tranquilização maior para os seus próprios associados.