“CAPACITISTAS” E CRÍTICAS OPORTUNISTAS (Por Marco Tulio De Rose)
Publicações - 11/05/2023 às 08:50

Esses dias, ao se referir sobre a tragédia de Blumenau, com a invasão da escola e morte de muitas crianças, o Presidente da República comentou que o grande número de pessoas com “deficiências mentais” deveria acarretar um acréscimo de cuidados dentro das escolas, pois podemos ter milhões de pessoas com “problemas de desequilíbrio de parafuso”.
A fala foi o suficiente para arrostar a “santa” fúria de um conhecido apresentador de televisão que, por ter um familiar portador de transtorno de espectro autista (TEA), patrocina discussões acaloradas com as previdências sociais e as operadoras de planos de saúde suplementar, sempre em favor das inúmeras e sucessivas inovações nas terapias prescritas para os pacientes com a mesma enfermidade e outras que também demandam atendimento especializado.
O Presidente foi apelidado de “capacitista”, palavrão que identifica o preconceito contra pessoas que têm alguma deficiência e a expressão popular do “parafuso”, expressão popular que se refere aos que têm problemas de saúde intelectual, considerada pelo jornalista preconceituosa.
O conteúdo da fala presidencial, que identifica o reconhecimento da necessidade de maior segurança nas escolas, providência salutar diante de um problema real, ficou obscurecido, na manifestação do comentarista, por uma suposta discriminação a portadores de deficiência, especialmente TEA, do qual o jornalista, com base nas dificuldades de seu filho, transformou numa bandeira de luta e um instrumento de notoriedade nacional.
Necessário no entanto igualmente saber que a campanha do jornalista tem sido uma das responsáveis pela multiplicação exagerada de tratamentos experimentais, sem qualquer evidência de eficácia, mas ocular acréscimo de custos terapêuticos, que, em troca de parcos resultados de sucesso na evolução desses pacientes, gera copiosos ganhos para os “inventores” das novas técnicas.
Esses tratamentos, ministrados em número absolutamente exagerado de horas semanais, praticamente escravizando as crianças que a eles são submetidas a uma rotina asfixiante, têm sido considerados, pela área pública e privada de saúde e pelos próprios Conselhos de Medicina, experimentais, sem comprovação científica de sua utilidade ou eficácia superior aos métodos tradicionais.
A evidente desproporção entre o conteúdo da fala presidencial e a reação do autonomeado defensor dos pacientes de TEA, importante que se diga, tem como subliminar uma procura incessante, muito pouco terapêutica, de lucro.